Resenha: Memórias de Uma Gueixa

Autor: Arthur Golden
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 448
Ano: 2015
Avaliação☆☆☆☆☆

Sinopse: Olhos cinza-azulados. Muita água em sua personalidade, é o que diz a tradição japonesa. A água que sempre encontra fendas onde se infiltrar, cujo destino não pode ser detido. Assim é Sayuri, uma das gueixas mais famosas de Gion, o principal distrito dessa arte milenar em Kioto. Com um olhar, ela é capaz de seduzir. Com uma dança, ela deixa os homens a seus pés. O que ninguém sabe é que, por trás da gueixa de sucesso, há um passado de perdas e desilusões de uma mulher que, desde o dia em que o pai a vendeu como escrava, fez cada uma de suas escolhas motivada pelo amor ao único homem que lhe estendeu a mão. Neste livro acompanhamos sua transformação enquanto ela deixa para trás a infância no vilarejo pobre e aprende a rigorosa arte de ser uma gueixa: dança e música, quimonos e maquiagens; como servir o chá de modo a revelar apenas um vislumbre da parte interna do pulso; como sobreviver num mundo onde o que conta são as aparências, onde a virgindade de uma menina é leiloada, onde o amor é considerado uma ilusão. Já idosa, vivendo nos Estados Unidos, ela narra suas memórias com a sabedoria de quem teve uma vida longa e o lirismo de quem soube encontrar nela seu lado mais doce. Neste relato único, que reúne romance, erotismo e, muitas vezes, a dura realidade, Arthur Golden desenvolve uma escrita refinada e dá voz a uma personagem instigante e humana que conquistou milhões de leitores em todo o mundo.

Esse é o livro mais poético e de certo modo, mais melancólico que eu li esse ano. Sem dúvida a leitura me tocou profundamente.
O livro é narrado pela personagem principal e nele conhecemos seus medos, anseios e sentimentos de forma profunda. 

A dor é uma coisa muito esquisita; ficamos tão desamparados diante dela. É como uma janela que simplesmente se abre conforme seu próprio capricho. O aposento fica frio, e nada podemos fazer senão tremer. Mas abre-se menos cada vez, e menos ainda. E um dia no espantamos porque ela se foi.

Sayuri é uma das gueixas mais famosas de Gion, mas nem sempre foi conhecida por esse nome.
Chiyo nasceu em uma vila de pescadores e em sua inocência acaba achando que será adotada por um homem que ela tem muito apreço (já que sua família vai de mal a pior). 
Mas, não é isso que acontece. Ela é sua irmã são vendidas, pois seu pai já perdeu uma família e agora com a mãe das meninas doente ele não poderá cuidar delas, e com a promessa de uma vida melhor ele aceita a proposta do homem e vende as filhas.
As irmãs acabam sendo separadas e Chiyo acaba tornando-se uma criada em uma das okyias de Gion, porém futuramente fará um treinamento para torna-se uma bela gueixa. Infelizmente nada é tão fácil assim!
Chiyo é frequentemente maltratada por Hatsumomo, um das gueixas mais bonitas de Gion que tem uma inveja enorme da pequena Chiyo.
Graças a essa inveja Chiyo acaba sendo castigada diversas vezes, pois Hatsumomo a coloca em vários problemas. Com a esperança de fugir da okyia a pequena tenta de tudo, mas ao que parece ela está destinada a ser uma gueixa.
O livro conta as memórias de Chiyo e de como tornou-se uma grande gueixa. É uma leitura com uma grande carga cultural e nos mostra a verdadeira face de uma gueixa. 
Diferente do que muitos pensam, as gueixas não são prostitutas de luxo, mas são grandes artistas que são criadas para entreter homens com sua beleza e talentos.
Fiquei comovida com a história e encantada pelo modo como me foi apresentado o mundo das gueixas. É uma leitura delicada e flui muito bem, a escrita do autor é ótima e faz com que o leitor sinta-se muito envolvido com a história.
A diagramação está de parabéns, não achei qualquer erro na leitura e gostei dessa nova capa. Sei que muitas pessoas não gostaram na mudança, mas eu gostei.
É uma leitura recomendada para todos os gostos.

Nem eu nem você sabemos qual é o seu destino. E talvez você nunca saiba! O destino não é sempre como uma festa no fim da tarde. Às vezes é apenas lutar na vida, dia após dia.